Quando eu engravidei da Rebeca, comprei alguns livros de contos de fadas e guardei, pensando em ler para ela quando ela crescesse. 

Aos 3 anos de idade, ela começou a entender melhor a moral das histórias, e eu passei a me preocupar com o que leio para ela, já que as histórias de alguns contos me deixaram intrigada... Nesse momento, meu instinto materno apitou e eu resolvi fazer uma análise crítica sobre os tais contos de fadas. 

Inicialmente, é importante entender a diferença entre contos de fadas e fábulas:

-> Conto de fadas é uma história que envolve mágica e pode incluir princesas, fadas, duentes e bruxas. Os primeiros contos de fadas foram escritos para adultos, e somente depois de 1.700 é que foram adaptados para as crianças. Tem o objetivo de desenvolver a imaginação e incentivar a leitura na fase de alfabetização. 
-> Fábula é uma história que satiriza o comportamento humano ou apresenta uma moral. Seus personagens são geralmente animais, plantas ou objetos que falam e se comportam como pessoas. Tem o objetivo de ensinar uma lição de moral.


As histórias que eu estava lendo eram contos de fadas. Percebi que alguns não eram adequados para crianças tão pequenas e não traziam lições positivas para o leitor. Pelo contrário, alguns contos são baseados em histórias de violência e abandono, que nada acrescentam de bom para quem lê. 

O passado dos contos de fadas confirmou o meu estranhamento: muitos contos não foram feitos para crianças, e sim para adultos. Por isso percebi que muitas histórias não se encaixavam no mundo infantil. 

A história que chamou minha atenção foi a de João e Maria. Não achei uma lição positiva nela e não estou sozinha. Outras mães já se atentaram a isso:

"Não entendo como pode ser positivo contar a uma criança a história de uma madrasta que convence o pai a abandonar os filhos na floresta porque não gosta deles. Não entendo como o medo e a insegurança de uma criança podem ser educativos.

Não gosto de falar da bruxa que “come criancinhas”. Também não gosto de histórias que provocam “medo de madrastas” porque não acho isso educativo. Acredito que hoje em dia, quando crianças convivem cada vez mais com madrastas (suas ou dos amiguinhos), provocar medo sobre essas pessoas e apresentá-las como vilãs não seja inteligente." (Roteiro Baby).

Portanto, decidi que, neste momento, vou selecionar quais histórias infantis (sejam elas contos ou fábulas) vou ler para as minhas filhas, tentando escolher as que trazem consigo uma boa lição, uma moral da história, como por exemplo:



1. Pinóquio

Solitário, o velho Gepeto resolve fazer para si um boneco de madeira. Pinóquio ganha vida graças a uma fada, e tem como voz da consciência um grilo falante. Só que seu nariz cresce a cada mentira que ele conta e a cada uma que apronta. Pinóquio foge da escola e ganha orelhas de burro. Após se arrepender, ele vira um menino de verdade.



Moral da história:

· Mentira tem perna curta.

· É sempre melhor obedecer aos pais.

· Arrepender-se de um erro traz recompensas positivas.



As crianças não têm noção das consequências de seus atos. Educar significa mostrar que cada atitude tem um resultado, que nem sempre é positivo.”

2. Chapeuzinho Vermelho
A pedido da mãe, a menina atravessa a floresta para levar doces à avó doente. No caminho, ouve os conselhos de um lobo que mostra um atalho mais longo. Antes de Chapeuzinho chegar à casa da avó, o lobo se disfarça de velhinha, engana a menina e almoça as duas. Graças a um caçador, elas são resgatadas da barriga do lobo.

Chapeuzinho deu ouvidos a alguém que desconhecia e acabou numa armadilha. É preciso conversar sobre esse risco desde cedo com as crianças.

Moral da história:
· Não se deixe enganar pelas aparências.
· Jamais dê ouvidos a qualquer estranho.
· É importante ensinar que no mundo também existem "lobos maus".



3. O lebre e a tartaruga

A lebre vivia caçoando da lerdeza da tartaruga.

Certa vez, a tartaruga já muito cansada por ser alvo de gozações, desafiou a lebre para uma corrida.

A lebre muito segura de si, aceitou prontamente.

Não perdendo tempo, a tartaruga pois-se a caminhar, com seus passinhos lentos, porém, firmes.

Logo a lebre ultrapassou a adversária, e vendo que ganharia fácil, parou e resolveu cochilar.

Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr. 

Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de chegada, toda sorridente.



Moral da história: 
· Não te distraias antes de acabares o que estiveres a fazer.
· Devagar se vai ao longe.

4. A cigarra e a formiga
Num dia soalheiro de Verão, a Cigarra cantava feliz.
Enquanto isso, uma Formiga passou por perto. Vinha carregando penosamente um grão de milho que arrastava para o formigueiro.
– Por que não ficas aqui e conversa um pouco comigo, em vez de trabalhar tanto? – Perguntou-lhe a Cigarra.
– Preciso arrecadar comida para o inverno. Aconselho-te a fazeres o mesmo.– respondeu-lhe a Formiga.
– Por que preciso me preocupar com o inverno? Comida não nos falta… – respondeu a Cigarra, olhando em redor.
A Formiga não respondeu, continuou o seu trabalho e foi-se embora.
Quando o Inverno chegou, a Cigarra não tinha nada para comer, porque as plantas estavam secas. No entanto, viu que as Formigas tinham muita comida porque a tinham guardado no Verão. Distribuíam-na diariamente entre si e não tinham fome como ela. A Cigarra compreendeu que tinha feito mal…

Moral da história: 
· Não penses só em divertir-te. Trabalha e pensa no futuro.

5. Cachinhos dourados e os 3 ursos:
Era uma vez, uma família de ursinhos; o Pai Urso, a Mãe Urso e o Pequeno Urso. Os três moravam numa bela casinha, bem no meio da floresta.
Certa manhã, ao se levantarem, Mamãe Urso fez um delicioso mingau, como era de costume. Porém, o mingau estava muito quente. 
Sendo assim, mamãe Urso propôs que fossem dar uma voltinha junta pela floresta, enquanto o mingau esfriava. 
E assim fizeram. Mamãe Urso deixou o mingau em suas tigelinhas, esfriando em cima da mesa e os três ursos saíram pela floresta. 
Enquanto eles estavam fora, apareceu por ali uma menina de cabelos loiros cacheados, era conhecida como Cachinhos Dourados. Ela morava do outro lado da floresta, num vilarejo, e tinha o mau hábito de sair de casa sem avisar seus pais. 
Quando se aproximou da casinha dos ursos, já muito cansada de tanto andar, resolveu bater na porta.
Bateu, bateu, mas ninguém respondeu. 
Assim, ao perceber que a porta estava apenas encostada, resolveu entrar. 
Ao entrar, se deparou com uma mesa forrada com uma bela toalha xadrez e em cima da mesa havia três tigelinhas de mingau. 
Como estava com muita fome, e não viu ninguém na casa, resolveu provar a iguaria. 
Após comer o mingau, Cachinhos Dourados foi em direção à sala. Lá encontrou três cadeiras, como estava muito cansada, resolveu sentar-se.
Sentou-se na cadeirinha menor e achou-a muito confortável e num bom tamanho. Porém, sentou-se tão desajeitadamente que a quebrou.
Ainda cansada, Cachinhos Dourados resolveu subir às escadas. 
Encontrou um quarto com três caminhas, uma grande, uma média e uma pequena. 
Tentou deitar-se na cama maior, mas achou-a muito dura. Deitou-se na do meio e achou-a macia demais. Deitou-se na menor e achou-a muito boa. Estava tão cansada que não resistiu e acabou pegando no sono. 
Enquanto ela dormia, os ursinhos voltaram do passeio. Foram logo à cozinha para tomar o mingau, que era o café da manhã. Estranharam a porta aberta, e logo perceberam que alguém havia estado ali, pela bagunça em que a casa se encontrava. 
Ao entrar em seu quarto, o Pequeno Urso, muito bravo, gritou:
-- Alguém está deitado na minha caminha! 
Cachinhos Dourados acordou com o grito de Pequeno Urso. 
Ficou muito assustada ao ver os três ursos bravos olhando para ela. 
Seu susto foi tão grande que em um só pulo saiu da cama e já estava descendo as escadas. Mal deu tempo para que os ursos piscassem os olhos. Num segundo pulo, Cachinhos Dourados pulou a janela e saiu correndo pela floresta, rápida como o pensamento. 
Depois desse enorme susto a menina aprendeu a lição, nunca mais fugiu de casa, muito menos entrou em casa de ninguém sem ser convidada.

Moral da história: 
· Não devemos mexer nas coisas dos outros.
· Não sair de casa sem permissão dos pais.

6. Os três porquinhos:
Era uma vez, três porquinhos que viviam na floresta. Certo dia, cada um decidiu construir a sua própria casa.
Os dois mais novos só pensavam em brincar e não gostavam de trabalhar. 
Um fez a casa com palha, o outro com madeira e o mais velho que era trabalhador fez uma casa com tijolo e cimento, que lhe dava segurança.
Os mais novos faziam troça dele porque levava o tempo todo a trabalhar e não brincava.
Certo dia, o lobo pareceu e cada um fugiu para a sua casa, o lobo aproximou-se da casa de palha e começou a soprar com tanta força que o telhado e as paredes foram pelo ar.
O porquinho correu para a casa do outro irmão, o lobo voltou a soprar com tanta força, que depressa derrubou a madeira.
Os dois porquinhos, assustados correram para casa do irmão mais velho.
E o lobo furioso voltou a soprar, mas desta vez não conseguiu derrubar a casa de tijolos e acabou indo embora.

Moral da história: 
· Incentivar a trabalhar duro para o caminho do sucesso com a esperança de que o esforço levará a ótimos resultados. 

Resumos de contos retirados dos sites:
www.qdivertido.com.br e http://contosparacriancas.weebly.com/.

AS PRINCESAS

Li muito sobre o assunto e cheguei à conclusão de que concordo com as seguintes críticas feitas aos contos de fadas: (Fonte: site Fatos Desconhecidos)
  • Há muitos estereótipos de casais bonitos. O filme Shrek é uma película que vem para mostrar que todo tipo de beleza deve ser valorizado (principalmente a beleza interior). 
  • No final, os casais vivem felizes para sempre. Atualmente, a sociedade vive um tempo de “liquidez”, e os relacionamentos e casamentos não são mais tão duradouros assim. 
  • Príncipes encantados sempre salvam as princesas no final. No mundo atual, vivemos outra realidade, em que as mulheres buscam cada vez mais independência. 
  • O ideal de beleza: feio como mal e bonito como bom. As princesas são, em sua maioria, belas, brancas, com cabelos lisos e magras. Há pouco espaço para a representatividade em geral, como princesas negras cacheadas, plus size, etc. 
Essas críticas se aplicam principalmente aos contos de fadas mais antigos que envolvem princesas.

Vejo claramente que os contos antigos de princesas não fazem mais sentido para o mundo atual, já que o contexto social da mulher mudou, e existem vários outros filmes com heroínas independentes e com mais ensinamentos a serem repassados para as nossas meninas.

Por exemplo, com relação à Pequena Sereia: não gosto da idéia de que Ariel tenha que se desfazer de sua essência (ser sereia) e abandonar sua linda cauda para ter pés, visando ficar com o príncipe encantado. Passa uma idéia de que temos que mudar para ter direito a ser feliz no relacionamento, o que não é sadio. Sem falar que, na história original, Ariel se suicida por estar separada de seu grande amor. Oi?? Não há nada de educativo nisso. 

E mais: por que incluir histórias de amor no entretenimento infantil, se as crianças não devem se importar com arcos românticos em tão tenra idade? Não encontro resposta plausível.

Concluindo, as histórias da Bela Adormecida, Cinderela, Branca de Neve e a Pequena Sereia são muito antigas e trazem mensagens “fracas” se comparadas com histórias lançadas mais recentemente, como Pocahontas, a Princesa e o Sapo, Enrolados, Valente, Mulan, Frozen e Moana.

Sobre o assunto, gostei muito da análise contida nesse texto.

Portanto, decidi filtrar as histórias que vou ler e os filmes que vou mostrar para as minhas filhas, buscando sempre contos saudáveis e que tragam boas morais para ensinar.

Um Comentário

  1. Adorei o post Mi 😍 Vou divulgar nas redes sociais do meu blog ❤️ Bjos pra vc e as meninas!

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