Li esse texto do paizinho vírgula (http://paizinhovirgula.com/a-grande-sacada-da-disciplina-positiva/) e achei que esse parágrafo resume muito bem o que penso sobre a criação das minhas filhas:
"Mas qual é a grande sacada da Disciplina Positiva? O que faz dela uma maneira tão diferente de educar filhos? Eu pretendo abordar o que é o ponto fundamental de toda a Disciplina Positiva, que algumas pessoas chamam de regra de ouro da Disciplina Positiva: Faça com os seus filhos o que você gostaria que fizessem com você."
Essa é uma regra que tento seguir (nem sempre consigo, não sou perfeita também) na minha vida de mãe.
Porque bater numa criança, se eu não gostaria que batessem em mim?
Se minha filha está irritada, chateada com alguma coisa e começa a fazer "birra", porque devo bater nela, para que ela se cale? Esse é o caminho certo ou o mais "fácil" para calar a boca dela??
Se ela está chorando, deve haver uma razão. Ela tem apenas 3 anos e ainda não sabe lidar muito bem com seus sentimentos e frustrações. Assim, muitas vezes recorre ao choro para extravasar suas emoções.
Se eu, como mãe, não consigo entender o motivo do choro para poder ajudá-la, o melhor é bater ou colocar de castigo? Penso que não.
Imagem do blog Psi Mama
Acho que meu papel de mãe é parar, olhar para ela com atenção e ver o que está acontecendo no íntimo do seu ser, para perceber no que posso ajudar.
Penso o mesmo sobre o desmame.
Quando engravidei pela segunda vez, um médico, algumas avós e amigas ficaram pasmas ao saber que a minha filha "mais velha" (no auge dos seus 1 ano e 5 meses) ainda mamava (!) e me perguntaram quando eu iria fazer o desmame.
O obstetra disse para eu passar pasta de boldo nos seios, para que ela pudesse sentir o gosto amargo e assim desmamar. Outras muitas receitas me foram ensinadas (sem que eu pedisse a opinião de ninguém), assim como deixar a bebê chorando, porque "o choro duraria de 3 dias a no máximo 1 semana e ela não iria morrer por ficar chorando por falta de peito".
Ao ouvir aquelas frases, eu ficava cada vez mais perplexa com a falta de humanidade das pessoas e pensava: como deixar a minha filha chorando por 3 dias poderia fazer bem??
Eu nunca gostei de chorar sozinha sem receber o acalento de uma pessoa amada, porque haveria de fazer isso com a minha filha de apenas 1 ano e 5 meses de idade?
(Sobre a amamentação na gestação, me informei e encontrei um obstetra que me orientou a continuar com a amamentação: se o bebê cresce bem no ventre da mãe e a gestante não sente cólicas de contração, tudo bem o filho mais velho mamar, já que a gestação está correndo saudavelmente).
A Nanda do blog Psi Mama enviou essa imagem para um grupo no qual participo
Ela me lembrou outro pitaco que já recebi de algumas pessoas sobre o desfralde: "deixe a sua filha só de calcinha para que ela faça xixi na calça e sinta o incômodo. Assim, da próxima vez, se lembrará de pedir para ir ao banheiro".
Nessa altura, Rebeca tinha recém completado 2 anos de idade.
Na hora eu pensei: eu por acaso gostaria de fazer xixi na calça e sentir minhas pernas molhadas para aprender a deixar de usar fraldas??
Não, né!? Então porque fazer isso com minha filha de apenas 2 anos?
A regra de ouro da Disciplina Positiva: "Faça com os seus filhos o que você gostaria que fizessem com você" se aplica a tudo com relação a criação dos nossos filhos!!
Outra situação muito recorrente: seu bebê é recém nascido e chora por colo.
Isso porque ele passou os únicos 9 meses de sua vida aconchegado dentre do ventre materno, quentinho e acolhedor. Passou pelo processo surpreendente e intenso do nascimento e agora se vê num mundo muito claro aos seus olhos sensíveis, muito barulhento aos seus ouvidos recém formados e muito frio à sua pele macia.
Nesse momento, os pais (exaustos, porque cuidar de recém nascido dá trabalho) são bombardeados com os mais variados pitacos como: "não dê muito colo, seu bebê vai viciar e não vai querem mais sair dele" ou "deixe seu bebê o máximo de tempo possível no berço para que ele aprenda a dormir sozinho, mesmo que para isso ele durma chorando por uma semana".
Como assim? Onde está a sensibilidade das pessoas?? Se perdeu por completo?
Quem não se lembra da maravilhosa sensação de dormir aconchegado com sua mãe ou seu pai, ou de ser levado no colo depois de uma tarde cansativa de brincadeiras??
Imagina para um recém nascido, recém chegado a esse novo mundo, sem entender os acontecimentos à sua volta, ficar sozinho sem a segurança do colo de sua mãe (ou qualquer outro ente querido)?
O colo, o carinho e o aconchego nunca fizeram mal a ninguém. A falta de amor sim, deixou as pessoas vazias, sem esperança, sem alegria de viver.
Não vejo sentido em fazer com minhas filhas o que eu não gostaria que fizessem comigo.
Num momento em que todos pedem mais empatia, estamos esquecendo de ter empatia com as nossas crianças também, que são seres "novatos" nesse mundo, que contam com a gente para aprender a serem boas pessoas.
Cabe a nós, adultos, sermos mais sensatos e resgatarmos a sensibilidade esquecida na infância para tornarmos o mundo melhor e mais humano.
OBS: Não estou falando de se tolerar falta de educação ou de mimar nossos filhos, mas sim de dar amor na hora do afeto. Dar limites é uma coisa. Deixar de dar amor é outra coisa totalmente diferente.