Sou mãe de duas e minha licença maternidade dura 6 meses. Sempre amamentei em livre demanda, então no retorno ao trabalho após ter a minha primeira filha (Rebeca) sofri muito e me preocupei com relação ao sucesso da continuidade da amamentação.

O retorno foi doloroso, passei mais de 1 mês para aceitar que teria que trabalhar durante 7 horas corridas e ficar longe dela durante a semana.

Já no retorno ao trabalho após ter a minha segunda filha (Alice), não sofri por antecipação, não chorei, não me preocupei. Isso porque já conhecia o caminho a ser percorrido. Percebi que o sofrimento é, de certa forma, opcional.

O que me ajudou muito foi deixar minhas filhas com uma pessoa de confiança. Primeiro foi minha mãe, depois uma secretária do lar muito querida que acompanha minha família desde que tenho 10 anos de idade.

No meu ponto de vista, o segredo é acostumar o bebê com a companhia do seu novo cuidador (pessoa que ficará com ele enquanto a mãe trabalhar) alguns meses antes do retorno ao trabalho. Fiquei mais segura ao deixá-las com alguém que lhes deu muito carinho e atenção na minha ausência.

A transição não pode ser brusca, o bebê tem que ser preparado com antecedência para não sofrer tanto com a ausência da mãe.

Sob a orientação do pediatra delas, uns 15 dias antes de voltar ao trabalho já comecei a introdução de frutas, como pêra, banana, mamão, maça, todas raspadas e em pequenas quantidades para se acostumarem com outros alimentos que não o leite materno. As frutas e o meu leite materno extraído eram oferecidos ao bebê pelo novo cuidador e sem a minha presença, para que ele se acostumasse com esse novo hábito. Com o passar do tempo houve a introdução das papinhas salgadas, sob orientação médica.

A rede de apoio é composta por todas as pessoas que podem ficar com o bebê na ausência da mãe: pai da criança, avós, tios, padrinhos, amigos, babá, etc. Essa rede de apoio sempre foi muito importante pra mim e para as minhas filhas.

As mães que amamentam tem que preparar as pessoas que estão ao seu redor para que entendam os conceitos da amamentação e a apóiem nesse processo. Amamentar trabalhando fora não é fácil, porém é possível.

A família deve entender que o uso de bicos artificiais (mamadeira e chupeta) podem atrapalhar a amamentação, causar confusão de bicos e o desmame. Assim, o ideal é que o bebê não tome leite em mamadeiras, mas num copo, por exemplo. No começo é estranho e trabalhoso, mas com o tempo todos se acostumam.

Minhas filhas mamam em livre demanda sempre que estão comigo. Alice, aos seis meses, mama de manhã antes de eu sair pra trabalhar e na minha ausência come de 2 em 2h no mínimo, já que seu estômago é pequeno e ela come em pequenas quantidades.

Assim que eu volto do trabalho (com as mamas cheias de leite) Alice mama e assim fica em livre demanda pelo resto da noite e de madrugada. Aos finais de semana ela faz as refeições normais e mama em livre demanda também.

É importante salientar que a livre demanda e a amamentação noturna ajudam a manter e aumentar a produção de leite materno, já que no meu caso, durante o dia há pouco estímulo para produção. E sem estímulo (sem que o bebê sugue a mama), o leite materno diminuiu e seca com o tempo.

Faço cama compartilhada com minhas filhas desde que elas tem 6 meses, ou seja, elas dormem comigo para que consigam mamar em livre demanda de madrugada sem que eu me canse muito, já que não tenho que levantar para atendê-las.

Alice com 7 meses

"As mamadas noturnas são muito importantes para "informar às mamas" quanto de leite será necessário produzir para atender a demanda daquele bebê para o dia seguinte.
Quando uma mãe não amamenta durante a noite, ela arrisca ter sua produção de leite diminuída até o ponto de não poder continuar amamentando. Se uma mulher não estiver produzindo leite suficiente e não estiver amamentando a noite, ela pode fazer cama compartilhada com seu filho e amamentá-lo na espera de aumentar sua produção.
A Prolactina, o hormônio responsável por ajudar as células alveolares no seio para fazer leite, é liberada pela glândula pituitária durante a apojadura. Pesquisas mostraram que o nível de prolactina no leite materno é maior durante o período de maior produção de leite e que os maiores níveis de prolactina ocorrem no meio da noite. Em oposição, os níveis de prolactina são menores quando o seio está ingurgitado, isto significa que os que mamam em livre demanda mamarão na freqüência correta assegurando adequada produção de leite para sua própria necessidade de crescimento." (Referências: "The Breastfeeding Answer Book", La Leche League, 2003).

Eu não tenho leite em excesso, então a quantidade que Alice mama não atrapalha as suas refeições. Ela come normalmente, em pequenas quantidades, mas come bem. Alice geralmente mama ao acordar de manhã (6h), depois de comer e antes de dormir (sonecas do dia e a noite). Rebeca (que ainda mama!) mama ao acordar de manhã cedo (6h) e antes de dormir a noite.

O ideal seria a mãe extrair o leite materno e guardar para que o cuidador ofereça para o bebê na sua ausência, para que não sinta falta do leite materno. O melhor é que esse leite seja oferecido no copinho.

Copinho do bebê:

Eu já ofereci leite no copinho de pinga e deu certo. Ele deve estar devidamente esterilizado (eu comprei um só para isso, que nunca foi usado com bebida alcoólica).

Também tenho um copo de silicone muito bom para esse fim.

No trabalho a mãe pode extrair o leite materno que se acumula na mama com a finalidade de manter a produção (caso não haja tal retirada, a produção de leite materno irá diminuir com o tempo, no meu caso ocorreu em 3 semanas) e descartar, ou guardar para que o filho tome na sua ausência.

A extração pode ser manual (mais indicada) ou com o uso de bombas (há de se ter cuidado porque o uso de bombas pode machucar o seio e danificar os dutos mamários). Eu geralmente uso bomba (mais informações aqui -> http://mimamae.blogspot.com.br/2014/03/meu-extrator-de-leite.html).

A extração manual é ensinada gratuitamente nos bancos de leite. Algumas dicas você pode encontrar aqui: https://pediatriadescomplicada.com/2015/03/10/como-retirar-o-leite-materno/ e aqui:  http://brasil.babycenter.com/a1500004/como-tirar-o-leite-materno).

O leite extraído deve ser armazenado num recipiente próprio vendido para esse fim ou em recipientes de vidro com tampas de plástico, como os de nescafé (que devem ser lavados e esterilizados corretamente):

Copo da Avent, todo em plástico

Frascos de Nescafé

Eu uso os dois tipos de frasco. Para usar os frascos de nescafé, deve-se retirar o lacre interno da tampa, lavar bem e esterilizar em água fervente por 15 minutos.

Existem prazos e modos corretos para o armazenamento do leite materno que vocês encontram aqui: http://mimamae.blogspot.com.br/2014/03/como-armazenar-o-leite-materno.html.

A volta ao trabalho pode parecer uma grande ameaça à amamentação, mas se a mãe tiver força de vontade para continuar amamentando, uma boa rede de apoio (pessoas que apoiem a amamentação e que fiquem com o bebê enquanto ela trabalha) e paciência, com o tempo as coisas se ajeitam e a amamentação pode continuar sem problemas.

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