1) Força de vontade 


A amamentação pode ser dolorosa no início, além de requerer muita dedicação materna. Assim, a mãe tem que ter força de vontade e não pode desistir diante das dificuldades (que são muitas). No início pode ser difícil, eu me perguntava diariamente se algum dia sentiria prazer ao amamentar. Passado o sufoco inicial (3 primeiros meses), fica mais fácil e gostoso amamentar.



Vale a pena persistir na amamentação, tendo em vista os inúmeros benefícios para a saúde do bebê, já que o leite materno carrega nutrientes preciosos e garante os anticorpos essenciais de que ele precisa. Ela também reforça o vínculo entre mãe e bebê.



Pode demorar, mas uma hora mãe e bebê se entendem, se ajustam e a amamentação fica muito prazerosa!!



2) Pega correta

A amamentação pode ser natural, mas não é intuitiva. Não nascemos sabendo amamentar. Antigamente, as avós, mães e demais mulheres de uma comunidade repassavam seus conhecimentos para as recém mães. Porém, no mundo atual não contamos mais com essa troca de experiências. Nossas mães muitas vezes nem amamentaram ou já esqueceram como fizeram.

Assim, quando o bebê nasce, pedem logo para que a mãe amamente seu bebê, mas muitas vezes não ensinam como fazer isso. A mãe coloca o bebê (que tem fome, mas ainda não sabe mamar) de qualquer jeito no peito e em questão de dias, as dores das famosas fissuras aparecem (e como dói!).

Somente uma pega correta e muita paciência para corrigir a pega errada é que farão as dores sumir.

Então, o ideal é que a nutriz (mulher que amamenta) procure ajuda especializada, como consultoras de amamentação ou o banco de leite de sua cidade (que você pode encontrar no site http://www.redeblh.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=356), para que aprenda a pega correta, caso tenha dificuldades. 

Ao mamar, o bebê deve ter o corpo voltado ao da mãe, barriga com barriga, a cabeça em posição mais elevada que o bumbum, na altura do seio da mãe, lábios bem para fora, com o queixo próximo da mama, bochechas bem redondas, abocanhando o máximo da aréola que ele conseguir, nunca só o bico.


A pega está correta quando o recém nascido abocanha grande parte da aréola, com os lábios virados para fora (como na foto, "lábios de peixinho"). O bebê deve abrir bem a boca (você pode encostar na bochecha dele, o que vai estimulá-lo a abrir a boca) e só então levar sua boca ao seio materno. 

Você não deve sentir dor ao sentir o bebê sugar. A sucção em si não deve provocar dores. Tampouco pode haver qualquer barulho na boca do bebê durante a mamada, como o som semelhante a um beijo. Você deve ouvir apenas ruídos da sucção e deglutição do leite pelo bebê. Caso escute barulhos como estalos, tire o bebe do seio e coloque de novo.

Ao retirar o bebê do peito, deve-se usar a técnica do dedo mínimo, onde a mãe coloca o dedo mínimo na boca do bebê para enganá-lo. Ele aceita a troca do peito pelo dedo e não puxa o mamilo da mamãe com força.

Se o seio estiver empedrado, muito cheio de leite, você pode retirar um pouco fazendo a ordenha manual (mais indicada).




3) Tomar sol nos mamilos

Parece ser uma tarefa difícil, porque atualmente muitas mulheres moram em apartamentos, sem um local para tomar sol sem se expor. Mas você pode aproveitar uma fresta de sol que entra pela janela. 15 minutos por dia já ajudam muito a deixar os mamilos mais resistentes e prevenir rachaduras. Mas cuidado com o sol forte. O ideal é tomar sol antes das 10 horas da manhã e depois das 16 horas da tarde, evitando assim, os picos dos raios ultravioletas. 

Uma dica que pode funcionar é usar uma camiseta cor da pele ou estampada com um pequeno círculo recortado na altura de cada mamilo. Assim, pelo menos à distância, não parece que você está sem blusa.

4) Passar leite materno nos mamilos 

Isso porque o leite materno ajuda na cicatrização de eventuais fissuras. Passe o próprio leite materno nos mamilos, várias vezes ao dia. Tente ficar o máximo de tempo possível sem sutiã ou protetores, para evitar a fricção no local. 

Não lave os mamilos com sabão ou água quente. Isso pode ferir o local. A limpeza apenas com água é suficiente. 

Se as fissuras estiverem muito doloridas, essa pomada pode ajudar na cicatrização:



5) Fique tranquila, o stress atrapalha muito!

Procure um lugar arejado, calmo, sem muitas interrupções para amamentar seu filho(a). 

Esteja relaxada, porque o stress pode atrapalhar a amamentação. 

Descanse o máximo que puder. Peça ajuda, não tenha vergonha, todas nós precisamos. A rotina materna é cansativa e se a nutriz estiver muito cansada, isso pode afetar a descida ou a produção do leite. 

6) Tome muita água e se alimente bem

Uma boa dica (que funciona muito comigo) é: antes de amamentar, tome um copo cheio de água, mesmo sem estar com sede. Em seguida, encha uma garrafa de água e a leve para o local da amamentação. Durante a mamada, você sentirá sede e deverá tomar mais água. Ao terminar de amamentar, beba mais um pouco de água. Pode parecer demais, mas isso vai ajudar muito na produção do leite materno.

A recomendação é que a mãe beba 4 litros de água por dia para garantir uma boa produção de leite materno. 

Se alimente bem. Coma de 2 em 2 horas, ou no máximo, a cada 3 horas. Se a nutriz passar forme, o organismo dela não vai produzir a quantidade suficiente de leite porque estará sem suas fontes de energias garantidas. Coma muitas frutas e verduras. 

Assim, nada de dietas restritivas durante o período de amamentação! 

7) Livre demanda 

Significa amamentar sem horários fixos. Oferecer o peito ao bebê sempre que ele solicitar (resmungar, chorar). Ele deve mamar quando e quanto quiser. 

São inúmeras as vantagens da livre demanda: 

· o bebê perde menos peso depois do seu nascimento;

· estimula adequadamente a produção de leite materno; 

· o bebê aprende a lidar com a saciedade, o que reduz o risco de obesidade no futuro; 

· previne o endurecimento da mama pelo leite congestionado,

· previne as fissuras, já que se o bebê vai ao peito com muita vontade é comum que faça a pega errada e machuque o seio da mãe.

O leite materno, por ser mais fácil de digerir do que o leite artificial, leva a um esvaziamento gástrico mais rápido, fazendo com que o bebê sinta fome em intervalos menores. Assim, estipular horários para o bebê mamar não é o mais adequado, já que somente ele pode "nos avisar" se está com fome ou sede. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a amamentação exclusiva até os 6 meses de vida do bebê. A partir dos 6 meses, recomenda a manutenção do aleitamento materno, oferecendo-se alimentos complementares. A OMS recomenda, ainda, que a amamentação deve continuar até, pelo menos 2 anos de idade. 

Espero que esse texto possa ajudar as recém mães nessa tarefa tão bonita que é amamentar.

Mileide Campanha
Facilitadora do aleitamento materno