Veja a primeira parte do relato aqui:
http://mimamae.blogspot.com.br/2015/11/relato-do-meu-segundo-parto-nascimento.html

Continuação:


O parto da Alice...

Na noite do dia 17/10/15, às 22h, comecei a sentir uma pressão na região pélvica, junto com uma vontade de ir ao banheiro... minha sogra estava conosco e estávamos preparando algo para jantar.. parei várias vezes para ir ao banheiro e percebi que algo estava acontecendo... Alice estava se preparando para chegar!! A pressão continuou por mais ou menos uma hora. Dava uma vontade de agachar também, mas não estava com contrações, apenas com mini pontadinhas no baixo ventre... era a Alice encaixando...

Avisei o marido que talvez eu entrasse em trabalho de parto em breve, pedi que ele montasse o mini berço (moisés) que era da Rebeca e que a Alice iria herdar e ele prontamente foi montar.. Pedi pra minha irmã vir ficar com a Rebeca, já que ela estava inquieta querendo "ajudar" o pai a montar o berço, mas não podia mexer nas ferramentas e parafusos.. 

Minha irmã chegou com o namorado e eles foram encher minha bola de pilates que estava vazia (algo me dizia que o trabalho de parto começaria na madrugada e eu iria precisar da bola!), além de levar a Rebeca para passear e pegar umas frutas pra eu comer mais tarde...

Jantamos, terminei de arrumar as malas para levar pro hospital e a pressão parou.. meu marido falou que achava que o trabalho de parto não iria começar tão cedo (afinal, eu ainda não havia completado 38 semanas de gestação)... eu também não quis me precipitar e ficar ansiosa, mas algo me dizia que tinha que descansar porque em breve o trabalho de parto começaria... então tomei um banho, fiz a Rebeca dormir e como estava muito cansada das tarefas do dia, conversei com a Alice: -- Filha, deixa a mamãe descansar de madrugada, deixa pra nascer amanhã de dia... (e não é que ela deixou?!)

Assim, fui dormir meia noite do dia 18/10 (estava com 37 semanas e 5 dias de gestação)

Às 2h da manhã comecei a sentir contrações ritmadas, vinham de meia em meia hora eu acho... a dor era pequena.. quando elas vinham eu acordava, mas conseguia dormir entre elas. Sabia que tinha que descansar, estava bem tranquila e relaxada, já que não temia o trabalho de parto... 

Às 4h da manhã eu senti uma contração média e levantei.. eu estava com fome, o marido estava na sala vendo filme e o avisei que o trabalho de parto havia de fato começado.. fizemos um lanche juntos, comemos panetone. Voltei a dormir, mesmo com as contrações, que estavam com um intervalo grande ainda...

Até que às 5h30min da manhã senti uma contração mais forte (média) e não consegui mais ficar deitada... 

Fui para o chuveiro quente, sentei na bola de pilates, deixei a água cair na minha lombar e comecei a cronometrar as contrações... elas estavam vindo de quatro em quatro minutos... quando as dores vinham, eu vocalizava e puxava uma toalha grande que pendurei no box do banheiro (estava sem o meu rebozo)... fiquei uns quarenta minutos no chuveiro e a dor praticamente desapareceu! A água quente é uma anestesia maravilhosa.. Assim, como a dor praticamente sumiu, pensei: vou tomar café da manhã porque acho que ainda demoro a parir...


Início das contrações que cronometrei: 
hora, duração e intervalo entre elas...

Avisei minha mãe e minha irmã, que vieram correndo ficar comigo.. O maridão fez café da manhã pra gente (6h30min da manhã)... eu conseguia comer entre as contrações, sentada na bola, enquanto minha mãe segurava uma bolsa de sementes quente na minha lombar e eu segurava outra bolsa de sementes quente no baixo ventre... isso ajudou muito a aliviar a dor!!


Minha mãe segurando a bolsa de sementes na minha lombar...

 Avisei minha doula pelo whatsapp, mas ela não estava on line.. não quis ligar porque achei que ainda era cedo e não queria atrapalhar, já que ela também tem um bebê pequeno para cuidar... queria ligar mais tarde... 

Rebeca acordou antes do horário esperado... ainda tentei fazê-la dormir no peito, mas não consegui, já que ficar deitada com as contrações era muito incômodo..


Rebeca mamando durante o trabalho de parto...

Às 7h senti uma contração mais forte... eu estava em cima da bola, me pendurei no pescoço da pobre da minha irmã, quase quebrei a coluna dela e então percebi que estávamos entrando na parte final do trabalho de parto e que era hora de ir pro hospital.. mas mesmo assim achei que ainda demoraria umas 3 horas para a Alice nascer... ledo engano... 

Liguei pro meu médico (7h) e ele avisou que iria tomar café da manhã, tomar banho e que iria pro hospital em breve...

Durante uma contração...

Assim, pegamos as malas, minha bola e minha bolsa de sementes morna (itens inseparáveis) e fomos pro hospital (eu, minha mãe e meu marido)..

Minha irmã ficou em casa com a Rebeca.. avisamos pra ela que Alice iria nascer e ela ficou toda feliz, me deu um beijo e falou: -- Mamãe, vai com Deus!! Me emocionei, porque aquele era nosso último momento com ela sendo nossa bebezinha... agradeci mentalmente à Rebeca, já que graças ao parto dela eu não temia meu segundo parto e estava preparada para o que estava acontecendo... 

O caminho para o hospital não foi fácil, já que quando as contrações vinham, era difícil ficar sentada naquele banco duro.. eu queria estar em cima da bola que era mais macia... com o movimento do carro comecei a sentir os puxos e pensei: -- Minha nossa!! vai nascer no carro!!!

Mas deu tempo de chegarmos no hospital (7h45min) e eu já estava sentindo os puxos... meu médico não havia chegado ainda e seu celular estava desligado.. não havia plantonista no atendimento já que era troca de plantão.. comecei a me desesperar e só então liguei pra minha doula, mas ela não atendeu, devia estar dormindo. Avisei para a equipe do atendimento no hospital que minha bebê nasceria em breve, que chamassem logo o plantonista, pois não tinha muito tempo para esperar e ela iria nascer no corredor... 

Às 8h chegou uma médica que estava saindo do plantão e veio somente fazer a minha admissão... entramos no pronto atendimento da obstetrícia, sentei na maca e ela escutou os batimentos cardíacos da Alice, que estavam perfeitos... fez o toque e constatou que a dilatação estava total (10 cm)!!! Eu já esperava, pois estava sentindo os puxos há alguns minutos... então a nova plantonista chegou e a médica que fez o toque avisou que a posição da Alice era +2 (esse vídeo explica bem: https://www.youtube.com/watch?v=ze53Ep-gwBQ - min. 1:40), mas que não era pra me tirar daquela sala pra levar até o quarto porque já que era meu segundo bebê, ela nasceria dentro de poucos minutos...

A nova plantonista ficou comigo, eu pedi a ela que não fizesse episiotomia, ela disse que nem se ela quisesse daria tempo... ufa!!

Uma contração depois, a minha bolsa estourou... minha mãe saiu da sala e meu marido ficou comigo, ao meu lado...

Ainda vieram duas contrações depois disso, eu me apoiei no pescoço do marido para empurrar e a Alice nasceu às 8h15min, cheia de vernix, menor que a irmã, o que fez meu expulsivo praticamente não doer...

No momento do expulsivo eu lembrei das palavras da Klaudia: "parir vicia!" e pensei: vicia mesmo, já quero parir de novo!! Foi tudo tão rápido que deixou um gostinho de quero mais...

Meu médico chegou 15 minutos depois, não conseguiu me acompanhar.. 

Também não consegui acionar minha doula a tempo... terei que deixar pro nascimento do próximo filho o sonho de parir sendo acompanhada por doula... rs

Alice nasceu com 49 cm, 3.050 kg, mas como nasceu na sala de emergência, não deu pra chamar o pediatra e também porque estava com muito vérnix, não deixaram que ela ficasse comigo.. vimos seu rosto rapidinho, vi que ela havia nascido menor que a irmã, dei um beijo nela e ela foi levada para ser avaliada longe de mim, o que foi uma grande pena, porque totalmente desnecessário, já que ela nasceu muito saudável, graças a Deus!


Alice com 7 dias...

Depois fui para o centro cirúrgico (para que a médica pudesse fazer os pontos nas lacerações que tive), onde encontrei Alice novamente, num bercinho aquecido, estava bem quietinha, então me acalmei... A médica fez os pontos, o que incomodou um pouco, mas menos do que no parto da Rebeca... Aplicaram ocitocina em mim.. a médica disse que era pra prevenir hemorragia... não sei até que ponto isso é necessário também, mas comecei a sentir cólicas novamente e isso foi bem ruim... sorte que uma enfermeira muito querida ficou ao meu lado durante todo o procedimento (obrigada Sabrina!!). 

Demorei um pouco para ir pro quarto (por burocracia do hospital) e essa foi a pior parte, já que a Alice estava com fome, sugando as mãozinhas e eu queria dar mamar pra ela, mas não conseguia pegá-la... 

Somente depois de uma hora pós parto é que eu finalmente pude pegar minha Alice nos braços e amamentar, estavam todos no quarto nos esperando ansiosos... Sorte que ela ainda estava bem ativa e acordada, pegou o peito na hora!! Ela mamou o colostro e conheceu sua nova família que já a amava tanto!! 



A irmã Rebeca a conheceu apenas um dia depois, quando tive alta... foi pura emoção, em breve posto um vídeo desse momento lindo!!

Como vocês podem perceber, não sofri durante o trabalho de parto.. senti as dores das contrações, mas a todo tempo eu estava feliz com o processo natural que Deus preparou para que nossos filhos nascessem... apenas as intervenções feitas no hospital é que me incomodaram (ocitocina e separação mãe e bebê no pós parto imediato).. 

Então continuo repetindo: parir é maravilhoso!! Basta se entregar ao trabalho de parto, não negar as dores, aceitar que elas fazem parte do processo e se deixar levar pela ocitocina do momento!!!

Foi um parto muito rápido e que doeu menos do que o meu primeiro, foi maravilhoso!! acho que isso se deu porque eu estava muito tranquila, queria muito parir e como diz Ric Jones: -- O parto está entre as orelhas! (ou seja, na cabeça da mulher...)

A recuperação pós parto foi muito rápida, meus pontos doeram pouquíssimo e eu pude cuidar das minhas duas filhas normalmente, como eu esperava... 

Já quero o terceiro filho para parir novamente, juro!!! 

Parir realmente vicia...

Muito feliz!!


Esse vídeo ilustra o parto normal visto por dentro: 

Alice é minha segunda filha, foi planejada e muito esperada já que meu marido e eu desejamos ter uma família grande e animada...
Minha primeira filha, Rebeca, tinha um ano e meio quando decidi parar de fazer tabelinha e atender aos pedidos do maridão para encomendarmos logo nossa segunda bebê...

Engravidei no final de janeiro de 2015 (DUM em 27/01/2015)...

Mal pude acreditar que após 2 meses de tentativa já teria engravidado novamente!! Meu marido ficou muito feliz, fizemos até um churrasco para comemorar!!


 (pitura de barriga que minha amiga doula Talita faz)
05/09/2015
Bebê pélvica...

A gravidez correu tranquilamente até que descobrimos que Alice havia sentado, na 31ª semana de gestação..

Isso tirou meu sono, já que meu sonho de um segundo parto normal tranquilo estava ameaçado, pois na minha cidade (Porto Velho/RO) não há equipe preparada para atender parto normal de bebê pélvico... 

Pensei em ir para outra cidade para encontrar uma equipe que pudesse me atender, fazer uma versão cefálica externa ou mesmo tentar o parto normal pélvico, já que não queria passar por uma cesariana sem antes tentar um parto normal.




18/09/2015

Da cesárea eu tinha medo da anestesia, do corte, da recuperação lenta, das complicações que uma cirurgia poderia trazer para mim e minha bebê.. então me entristecia de verdade pensar numa cirurgia, além da frieza do procedimento que muito me incomoda, da falta do calor humano, e do fato de que, numa cesárea, eu não ajudaria minha filha a nascer.. isso fica nas mãos do médico...

Quando a médica avisou que a Alice havia sentado eu fiquei triste, preocupada, decepcionada.. cheguei a sentir revolta e pensei: -- Poxa, logo eu que amei parir minha primeira filha e quero tanto parir novamente, tenho agora uma bebê sentada?
Comecei a pesquisar sobre parto pélvico e sobre a manobra chamada versão cefálica externa, mas sempre esbarrava nos riscos. Embora eu já tivesse visto lindos vídeos de parto normal com bebê pélvico (como esse da Mariana -> http://www.youtube.com/watch?v=Z59XeI5PTTU) e soubesse que bebês pélvicos também nascem de parto normal, me bateu uma insegurança...
Tentando virar minha bebê por diversas vezes, testei algumas posições sugeridas pela parteira mexicana Naoli que encontrei nesse site:
Dei cambalhotas na piscina, apliquei compressas de água quente no baixo ventre e de água fria no topo da barriga, mas a Alice não saía do lugar. Ela mexia bastante, mas gostava mesmo da posição sentadinha.. tomei um remédio homeopático também, mas não fez efeito...
Chorei várias noites pensando nisso, realmente pensar na cesárea me entristecia muito.. queria entender o porque de logo eu não estar com a bebê cefálica, já que havia amado parir minha primeira filha e pensava com tanto carinho no meu segundo parto normal.. Continuei pensando nas opções que me restavam e fazendo pesquisas... resolvi entrar em grupos do facebook e achei esse lindo relato de parto pélvico:
Fiquei impressionada com esse relato da Klaudia, que mediu sua própria dilatação durante o trabalho de parto e afastou seu períneo durante o expulsivo, ajudando seu bebê a nascer...
Esse relato me animou após uma noite em que eu havia chorado muito por não entender minha situação, eu soube que ele poderia me passar algum ensinamento positivo...
Me encantei com a história dessa mulher e falei com ela através de mensagens no facebook, e ela prontamente me respondeu e me encheu de esperanças para tentar meu parto pélvico, mesmo sendo em outro Estado.
Durante a conversa que tivemos, ela só me disse coisas maravilhosas, dentre elas: "nós que somos fortes temos que ter parto pélvico para mostrar para todo mundo que é possível e maravilhoso! (...) Sua bebê também quer mudar o mundo e fazer história!"
Realmente! Como eu estudo muito sobre parto, vivo lendo relatos e amo esse mundo da humanização, talvez eu fosse o perfil de pessoa com força suficiente para bancar um parto pélvico e lutar pelos meus direitos de trazer minha filha ao mundo da forma mais respeitosa possível..
Só depois da conversa que tive com Klaudia pude entender que não devia ter raiva dessa situação (da minha bebê estar sentada).. devia apenas não me conformar com o sistema obstétrico brasileiro que não se especializa para atender partos normais de bebês pélvicos. Como a Klaudia disse: "No exterior, parto pélvico é a coisa mais comum. Eles nem se importam mais em saber a posição do bebê..."

Conversei muito com umas amigas envolvidas com o parto humanizado, como as doulas Izabela, do Bello Parto, Alyssa que agora mora em Jundiaí e da Elis, fotógrafa em Cuiabá... todas elas me apresentaram muitas opções e se ofereceram para me ajudar caso eu decidisse realmente tentar meu parto fora da minha cidade... Agradeço muito a elas pelo apoio, eu estava realmente muito triste em pensar em uma cesariana desnecessária...
Após muita pesquisa, achei um médico mais atualizado na minha cidade que disse que poderia me acompanhar e que poderíamos tentar o parto normal pélvico, mas mesmo assim me alertou sobre os riscos.. Assim, troquei de médico (com 35 semanas) já que o primeiro que me acompanhava nem cogitava tentar um parto normal...

Porém eu não me imaginava num parto pélvico, tampouco numa cesariana.. a Alice estar sentada estava fora do contexto... assim, entreguei meu parto nas mãos de Deus e parei de pensar sobre o assunto.. decidi também não viajar para outro Estado.. decidi ficar em Porto Velho e ver o que acontecia... 

Após uma batida de carro que sofri (sem nenhum ferimento, graças a Deus), decidi tirar férias do trabalho e ficar em casa curtindo o resto da gestação mais tranquilamente...

A boa notícia...

Na 37ª semana, durante uma consulta de rotina, meu médico (que é também ultrassonografista) constatou que Alice havia virado!!! Estava cefálica!!! Mal pude acreditar... Nem consegui comemorar direito, tinha medo dela virar novamente, mas fiquei muito feliz e aliviada... poderia voltar a sonhar com meu segundo parto normal!! 

Uma coisa que acho que foi determinante pra Alice virar (ficar cefálica), foi eu ter conversado muito com a minha bebê, ter me conectado a ela, e pedido perdão por ter ficado chateada com essa situação, quando tudo o que eu deveria fazer era agradecer por ter uma bebê saudável. 
26/09/2015


Como estava de férias, aproveitei para ficar um pouco mais com minha filha mais velha (Rebeca), já que esses seriam as últimos dias que ela seria filha única!!

Amor de irmã

Veja a segunda parte do relato aqui: